A primavera
Tinha sido tão natural o desenvolvimento de suas relações quanto o florescimento proporcionado pela natureza das árvores e flores e por algum tempo tudo aquilo seguia um ritmo alucinante, cada vez mais sintonizado, idéias e conversas enchendo todas as suas preocupações e vontades abrindo espaço para paixão e desejo.
Tudo ia aos conformes e por algum tempo os papéis ainda tinham os seus valores, mas para ele algo estava faltando, pois ele havia de certa forma se envolvido com ela e como vocês sabem ela estava comprometida; nessa idade e com os nervos a flor da pele somada pela intimidade criada em tão pouco tempo foi fácil de ela perceber e muito mais fácil dele demonstrar e ali eles ficavam planejando, se cutucando e ainda mais, alimentando esse sentimento. Situações eram imaginadas e uma delas ficaria marcada para sempre na memória dele onde ela dizia que aquela grade perto de suas casas era o local perfeito para o primeiro beijo, onde eles estariam abraçados com aquele apertar forte sentindo suas respirações, tão colados como jamais estiveram e ela passearia seus lábios do seu queixo até sua orelha e por fim diria “Você não sabe o quanto eu esperei por esse momento”.
E nesse movimento retilíneo desuniforme a primavera deu espaço ao verão.
Tempo quente e de privações, pois eles de certa forma se queriam e não podiam, era algo que ele não queria forçar e algo que ela não queria entender, tudo continuava na mesma, as mesmas conversas, os mesmos passeios e o verão passou despercebido a não ser por um passeio no clube onde ela estaria a ler ‘Lolita’ enquanto ele nadava, suas peles quentes devido ao sol eletrificavam o local enquanto olhares provocativos e sorrisos sugestivos compunham o enredo. Ao final daquele dia sem querer ou por querer na hora de se despedirem um beijo de canto de boca aconteceu e marcou novamente mais uma estação. Os meses continuaram a passar e eles se afastaram um pouco, pois ele também começaria a namorar.
O Outono
As folhas secaram e voariam para outra direção assim como o namoro dela, enquanto ele permanecia com sua outra menina, naquela época o tempo era sem frio e sem calor, assim como a relação deles que parecia que finalmente havia se distanciado exceto por algumas noites de conversa ou algumas tardes em que ele passava em sua casa por volta de dez ou quinze minutos. Mas assim como o tempo esfriava a relação deles o namoro do rapaz acabou por terminar. Era uma notícia boa, mas não se pode ir com muita sede ao pote e as semanas passaram com eles reatando deixando tudo como era na época de primavera.
Até que em uma noite gelada onde o outono era deixado para trás para deixar entrar o inverno nada poderia ter sido mais quente, em um quarto fechado, com as mãos dele por trás dos cabelos dela, ela finalmente a puxou, sentiu a vibração, sentiu o calor dos corpos juntos e a beijou e aquele beijo foi muito mais do que ele esperava.
Posfácio
E o tempo passou, e hoje ela de um lado e ele de outro relembram em breves momentos de um tempo que não volta, mas que não será esquecido, não existe final feliz e sim momentos felizes que podem ou não ter valido a pena. E eu chuto categoricamente; esse valeu.
What they think